quarta-feira, 17 de julho de 2013

Introdução


Project "Comics in Everyday Life"

Andréia Cristina Saffier e
Paula Arduim Soardi

Desenvolver no aluno a prática da leitura a partir de sua realidade deve ser o papel primordial da escola. Somente dessa forma, ele terá condições para compreender as palavras, pois elas são sociais e vivas, constituídas de sentido que provém de determinada realidade social. Como disse Paulo Freire, o aluno primeiramente faz a leitura do mundo para após realizar a leitura da palavra e retornar criticamente à leitura do mundo. A realidade do aluno precisa estar incluída no contexto escolar para que faça sentido a ele. Somente após a inclusão de sua realidade e posterior leitura crítica, o aluno terá condições de adentrar em uma realidade diferente da sua. Assim como conhecer e compreender a si próprio é essencial, conhecer uma realidade diferente também se faz necessário para que ele enriqueça sua visão de mundo. Apresentar uma realidade diversa aos alunos também possibilita que eles levem o novo aprendizado à sua comunidade e, consequentemente, inicie um processo de transformação em todos que convivem com esses alunos. Portanto, desenvolvemos nosso projeto de estágio baseando-nos na realidade do aluno como forma de transformar a realidade da escola e da comunidade em que vivem, mostrando que há formas diferentes de se trabalhar com uma língua adicional. Assim, queremos provar que os alunos, a partir desse trabalho, podem agir e modificar o seu meio.
Esse projeto foi realizado no Colégio Estadual Rubem Berta durante a prática de estágio da língua inglesa, orientado pela professora Simone Sarmento, professora do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Participaram do projeto alunos na faixa etária entre 12 e 14 anos do sétimo ano do ensino fundamental. O colégio se localiza na Vila Jardim e os alunos matriculados são de classe média baixa.
Nossa proposta foi trabalhar a partir da realidade dos alunos e fazê-los produzir uma revista que comunicasse um pouco de suas vivências. O objetivo foi trabalhar com frases em inglês utilizadas no cotidiano e preparar os alunos para utilizarem a linguagem dos quadrinhos para produzirem suas próprias histórias em quadrinhos. Através de jogos e ilustrações utilizados em aula, os alunos aprenderam de forma divertida a construírem suas próprias histórias. Eles basearam-se em suas experiências para criar frases na língua adicional e depois para fazer seus desenhos. Acreditamos que a utilização da linguagem artística facilita o aprendizado da língua inglesa.
Primeiramente observamos algumas aulas da turma na qual aplicamos o projeto e percebemos que se tratava de uma turma que não havia tido muito contato com a língua inglesa para uso comunicativo. Da mesma forma que os alunos da turma haviam adquirido alguns vícios, como o de usar o dicionário para traduzir palavra por palavra de cada nova frase que viam em inglês. Levando em consideração o tipo de aulas de inglês que os alunos estavam tendo até então, inicialmente resolvemos não fazer mudanças muito bruscas para não assustá-los. A idéia era ir introduzindo as novidades aos poucos, aula por aula, para que os alunos tivessem tempo para se adaptar.

Aula 1


Conseqüentemente, em nossa primeira aula, o quadro negro teve que ser utilizado de maneira clássica, como a professora da turma costumava fazer. Após, começamos a introduzir o uso do livro “Keep in mind” que havia sido entregue aos alunos pela escola, mas que eles ainda não haviam utilizado. Escolhemos uma página do livro onde havia frases que contavam um dia na vida de um adolescente, o que ele fazia de manhã ao acordar, quando tomava o café da manhã, como ia para escola, almoçava, jantava, ia dormir. Os desenhos do livro ajudaram os alunos a inferir o significado de cada frase, de forma que já não eram mais obrigados a ter que procurar palavra por palavra no dicionário da forma como faziam anteriormente. Também já não estavam mais simplesmente copiando frases soltas, seguindo tão somente um conteúdo de gramática. A partir de então, estávamos mostrando a eles que aquelas frases encadeadas faziam sentido, contavam o dia de alguém. É claro que precisamos explicar e traduzir alguns verbos e palavras chaves, mas queríamos que eles pudessem raciocinar em cima dos desenhos e das frases, de forma a descobrir um pouco por eles mesmos o que aquelas frases queriam dizer.


Aula 2


Nas aulas seguintes, introduzimos mais alguns conteúdos chaves sobre o cotidiano, como dias da semana, horas, atividades feitas no fim de semana. Para tanto, utilizamos um jogo da memória, criado por nós mesmas, no qual cada cartinha do jogo continha um desenho de um personagem fazendo uma ação do cotidiano, ações simples como pentear o cabelo, caminhar com um guarda-chuva na mão, tomar banho, usar o computador. Escrevemos no quadro uma série de frases usando o “present continuous” em inglês que corresponde ao gerúndio em português. A atividade era copiar na cartinha a frase que correspondesse à ação da imagem da cartinha. Depois, eles coloriram a cartinha com as cores que lhes agradassem e por último recortaram as cartinhas da cartela, assim estavam prontas para jogar.


Aula 3


Outra atividade preparada por nós foi uma folha com vários desenhos de atividades de uma menina durante um dia. Entregamos uma folha a cada aluno para que recortassem os quadros que mostravam a menina acordando, tomando o café da manhã, almoçando, etc. Após, deveriam colar em seus cadernos na ordem correta na qual a menina fazia aquelas ações do seu dia. Ao lado de cada desenho, deveriam escrever em inglês que ação ela estava fazendo. Com essa atividade, os alunos puderam treinar a construção das frases com os verbos, assim como conhecer os substantivos e os adjetivos mais utilizados em seu cotidiano. Nosso intuito foi instrumentalizá-los ao máximo para suas futuras produções textuais em inglês.


Aula 4


Utilizamos também mais uma página do livro “Keep in mind” sobre atividades feitas no cotidiano e a frequência com que cada atividade era feita durante uma semana. Nesse momento, pudemos ver o interesse dos alunos crescendo, pois a curiosidade deles foi despertada pelo fato de quererem aprender a dizer o que gostavam de fazer no seu tempo livre e nos fins de semana. Costumávamos pedir aos alunos que trabalhassem em duplas. Isso lhes dava mais segurança e fazia com que ajudassem uns aos outros a compreender o vocabulário.